(MORAES, I.A.)
I – INTRODUÇÃO
1- ESTRUTURA E FUNÇÃO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório fornece oxigênio para sustentar o metabolismo tecidual e remove dióxido de carbono. O consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono variam com a taxa metabólica, que depende principalmente da atividade física. As espécies menores têm o consumo de oxigênio por quilo de peso corpóreo mais alto que as espécies maiores. Quando os animais se exercitam, os músculos requerem mais oxigênio, e portanto o consumo de oxigênio aumenta. O consumo máximo de oxigênio no cavalo é três vezes maior que o consumo máximo de oxigênio em uma vaca de peso corpóreo similar, e os cães têm consumo máximo de oxigênio mais alto que os caprinos de mesmo tamanho. As espécies mais aeróbias, como os cães e eqüinos, têm um volume máximo de consumo de oxigênio mais alto pois a densidade mitocondrial do músculo esquelético é maior que nas espécies menos aeróbias.
Embora as exigências de troca gasosa variem com o metabolismo e possam aumentar até trinta vezes durante exercício vigoroso, normalmente elas são feitas com pequeno custo energético. Quando os animais têm enfermidade respiratória, o custo energético da respiração aumenta, havendo portanto, menos energia disponível para a realização de exercícios físicos e conseqüentemente menor desempenho do animal.
O sistema respiratório também é importante na termorregulação, no metabolismo de substâncias endógenas e exógenas, e na proteção do animal contra poeiras e agentes infecciosos inalados. A função dos órgãos da respiração está estreitamente ligada ao coração e à circulação.
Narinas
As narinas são as aberturas pares externas para a passagem do ar. Elas são mais flexíveis e dilatáveis no cavalo e mais rígidas no suíno. A dilatação da narina é vantajosa quando há maior requerimento de ar, como exemplo, em animais corredores e naqueles em que a respiração não ocorre pela boca. O cavalo é um corredor e a sua respiração se faz somente pelas narinas, isso sugere que as narinas dilatáveis sejam uma adaptação.
Cavidades Nasais
As narinas formam a abertura externa para um par de cavidades nasais. Essas cavidades são separadas dentre si pelo septo nasal e da boca pelos palatos duro e mole. Além disso, cada cavidade nasal contem ossos turbinados (conchas) que se projetam para o interior das paredes dorsal e lateral, separando a cavidade em passagens conhecidas como meatos comum, dorsal, médio e ventral. A mucosa dos ossos turbinados é bem vascularizada e serve para aquecer e umidificar o ar inalado.
Outra função para as
conchas refere-se ao esfriamento do sangue que supre o encéfalo. As
artérias que irrigam o encéfalo dividem-se em artérias menores em sua
base e reúnem-se antes de emergir. Essas artérias menores são banhadas
de sangue venoso que vem das paredes das passagens nasais, onde foi
esfriado. Como resultado, a temperatura do encéfalo pode ser diminuída
em 2 ou 3ºC em relação a temperatura do corpo. O encéfalo é o órgão mais
sensível ao calor, de forma que esse método de resfriamento é
particularmente importante durante os momentos de extrema atividade. O
epitélio olfatório está localizado na porção caudal de cada cavidade
nasal e a melhor percepção de odores é conseguida pelo ato de farejar
(isto é, inspirações e expirações rápidas, alternadas e superficiais)
Faringe
A faringe é caudal às cavidades nasais sendo uma via comum de
passagem para ar e o alimento. A abertura da faringe que leva à
continuação da via de passagem de ar é a glote. Imediatamente caudal à
glote está a laringe, o órgão de fonação dos mamíferos.
O som é produzido pela passagem controlada de ar, que causa vibração de cordas vocais na laringe.
Traquéia e suas subdivisões
A traquéia é a via primária de passagem de ar para os pulmões.
Ela é continua à laringe cranialmente e divide-se caudalmente para
formar os brônquios direito e esquerdo.
Os brônquios direito e esquerdo e suas subdivisões continuam seu caminho para os alvéolos.
As subdivisões da traquéia para os alvéolos são:
Brônquios
Bronquíolos
Bronquíolos terminais
Bronquíolos respiratórios
Ducto alveolar
Saco alveolar
Alvéolos
Secção sagital mediana da cabeça de uma vaca com o septo nasal removido. De Guetty, R.Sisson & Grossman’s Anatomy of the Domestic Animals.5ª edição Philaldelphia, WB. Saunders, 1975
Alvéolos Pulmonares
Os alvéolos pulmonares são os principais sítios de difusão
gasosa entre o ar e o sangue dos mamíferos. A separação entre o ar e o
sangue, ou seja, a distância de difusão é mínima, estando o epitélio
alveolar e o endotélio capilar intimamente associados. Através da
hematose o sangue venoso da artéria pulmonar torna-se sangue arterial e
retorna ao átrio esquerdo através das veias pulmonares.
Pulmões
Os pulmões são as principais estruturas do sistema respiratório.
São estruturas pares e ocupam todo o espaço no tórax. Quando o tórax
se expande em volume, os pulmões também se expandem, isso faz com que o
ar flua para o interior dos pulmões. Os pulmões se movimentam sem
qualquer atrito no interior do tórax devido a presença da pleura
(membrana serosa lisa).
Pleura
A pleura consiste de uma simples camada de células fundidas à
superfície de uma camada de tecido conjuntivo. Ela envolve ambos os
pulmões (pleura visceral) e se reflete dorsalmente, retornando pela
parede interna do tórax e contribuindo para sua cobertura (pleura
parietal). O espaço entre as respectivas camadas de pleura visceral,
quando elas ascendem para a parede dorsal é conhecido como espaço
mediastino. No interior do espaço mediastino estão a veia cava, o ducto
linfático torácico, o esôfago, aorta e traquéia. O espaço mediastino
está intimamente associado ao espaço intrapleural (espaço entre a pleura
visceral e parietal); assim as alterações de pressão no espaço
intrapleural são acompanhadas por alterações similares no espaço
mediastino. Da mesma forma, as alterações de pressão no espaço
mediastino são acompanhadas no interior das estruturas mediastínicas,
contanto que suas paredes sejam responsivas a distensibilidade em
relação a baixa pressão.
2- HISTÓRICO
Através, desse longo período de tempo muitos fenômenos
respiratórios foram descobertos e descritos por grandes nomes da Ciência
que contribuíram para o grande desenvolvimento e conhecimento da
fisiologia respiratória.
GALENO => Século II -observou que o sangue entrava nos pulmões e
retornava carregado com um grande “espírito vital”. Por meios
experimentais, ele demonstrou que as artérias continham apenas sangue e
não eram estruturas pneumáticas como se acreditava antes.
MALPIGHI => Século XVII – observou que o ar passava via traquéia e estabeleceu a teoria de que havia uma passagem direta de ar dos pulmões para o ventrículo esquerdo.
LOWER => Demonstrou que a mudança da cor do sangue de vermelho escuro para vermelho rutilante ocorria nos pulmões como resultado do recebimento de “alguma coisa”.
ANTOINE LAVOISIER => Expôs a verdadeira natureza da combustão e respiração, mostrando que tais processos são semelhantes e que envolvem a tomada do que ele chamou “oxygine” a partir do ar e a produção de “gás do ácido carbônico”.
AUGUST e MARIE KROGH => Século XX – evidenciaram o fenômeno da difusão pulmonar
3- FÍSICA DOS GASES
Várias leis da física são úteis no estudo dos gases.
LEI DE BOYLE =>Essa lei relaciona pressão com volume: “O volume do gás varia inversamente com a pressão”
LEI DE CHARLES => “O volume do gás aumenta diretamente na proporção
do aumento da temperatura em situação de pressão constante”
LEI DE HENRY => Relaciona-se aos volumes de gases que se dissolvem
na água : “O volume do gás que se dissolve na água em equilíbrio é
afetada pela pressão do gás ao qual a água é exposta e também pelo
coeficiente de solubilidade do gás, sendo diretamente proporcional a
cada um deles”.
Os gases de interesse para a água corporal animal são o dióxido
de carbono, oxigênio e nitrogênio. O gás carbônico é o mais solúvel dos
três e o nitrogênio é o menos solúvel.
4- PRESSÃO PARCIAL
É a pressão exercida por um dado gás em uma mistura de gases,
assim, a soma das pressões parciais de cada um dos gases em uma mistura é
sempre igual à pressão total.
A medida é na maior parte das vezes feita em mmHg.
Pressões parciais específicas são identificadas pelos símbolos
anexando-se a letra P, a qual é a designação de pressão parcial. Por
exemplo, a designação de pressão parcial do oxigênio será PO 2 . Além
disso a particularização é alcançada com o uso de símbolos adicionais.
As descrições de arterial, venoso e alveolar são usadas comumente e são
referidas por símbolos a, v e A, respectivamente. Assim, a pressão
parcial de CO 2 no sangue arterial é designada como PaCO 2 e no sangue
venoso como PvCO 2 .
5- DIFUSÃO DOS GASES
Os gases apresentam movimento líquido por difusão simples em resposta aos gradientes de pressão.
A difusão líquida ocorre a partir de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão.
A difusão ocorre porque o O 2 é consumido pelos tecidos, o que baixa a PO 2 , e o CO 2 produzido aumenta a PCO 2 .
À medida que o ar fresco entra nos pulmões surge um gradiente para prover o sangue de O 2 e remover o CO 2 acumulado.
A difusão ocorre através da MEMBRANA RESPIRATÓRIA composta de:
epitélio alveolar, membrana basal do epitélio alveolar, espaço
intersticial, membrana basal do endotélio capilar e endotélio capilar.
Esta configuração provavelmente representa a distância mínima entre o
gás e o sangue, e a separação pulmonar certamente pode se tornar maior
dependendo da interposição das células e da quantidade de espaço
intersticial.
Eletromicrografia
do pulmão de um camundongo apresentando atenuada porção do epitélio
alveolar e sua proximidade ao endotélio capilar. A membrana respiratória
(sem lamina de fluido alveolar) é composta das seguintes estruturas: A
Epitélio alveolar B membrana basal do epitélio alveolar C Espaço
intersticial D Membrana basal do endotélio capilar; e E Endotélio
capilar. De Reece, W. O. In Dukes’ Physiology of Domestic Animals. 10
ed. Editado por M.J. Sweenson, Ithaca, NY, Cornell University Press,
1984.
Existe uma relação algébrica: TD = DP x A x S
D x PM
TD = taxa de difusão do gás através da membrana respiratória
DP = diferença de pressão
A = área de superfície
D = distância de difusão
S = solubilidade do gás
PM =peso molecular
Considerações Clínicas:
21% de O 2 | PO 2 = 159 mm |
0,03 % de CO 2 | PCO 2 = 0,23 mm |
79% de N 2 | PN 2 = 600 mm |
PRESSÕES PARCIAIS E TOTAL (em mmHg) DOS GASES RESPIRATÓRIOS EM SERES HUMANOS NO NÍVEL DO MAR
GASES | Sangue Venoso | Ar Alveolar | Sangue Arterial | Tecidos |
O 2 | 40 | 104 | 100 | 30 ou – |
CO 2 | 45 | 40 | 40 | 50 ou + |
N 2 | 569 | 569 | 569 | 569 |
VAPOR D’ÁGUA | 47 | 47 | 47 | 47 |
TOTAL | 701 | 760 | 756 | 696 |
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A soma das pressões
parciais nem sempre iguala à pressão do ar atmosférico. Isto justifica o
vácuo das cavidades observados nos procedimentos cirúrgicos.
II – MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO
1- CICLO RESPIRATÓRIO
2 – CICLO RESPIRATÓRIO COMPLEMENTAR
3 – TIPOS DE RESPIRAÇÃO
COSTOABDOMINAL
ABDOMINAL
COSTAL OU TORÁCICA
*Obs => Esta classificação é controversa e não corresponde àquela informada no Swenson & Reece
4 – PRINCIPAIS TERMOS RELACIONADOS COM O ESTUDO DA RESPIRAÇÃO
Além dos diferentes tipos de respiração, há variações na respiração
relacionadas à freqüência dos ciclos respiratórios, profundidade da
respiração, ou ambos.
5 – FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
FREQÜÊNCIAS RESPIRATÓRIAS DE VÁRIAS ESPÉCIES EM DIFERENTES SITUAÇÕES
Animal | Condição | Variação | Média |
Eqüino | Em estação | 10-14 | 12 |
Vaca Leiteira | Em estação | 26-35 | 29 |
Em decúbito esternal | 24-50 | 35 | |
Bezerro de vaca leiteira (3 semanas de idade) | Em estação | 18-22 | 20 |
Deitado | 21-25 | 22 | |
Suíno (23 a 27 Kg) | Deitado | 32-58 | 40 |
Cão | Dormindo (24°C) | 18-25 | 21 |
Em estação | 20-34 | 24 | |
Gato | Dormindo | 16-25 | 22 |
Deitado acordado | 20-40 | 31 | |
Carneiro | Em estação, ruminando (18°C) | 20-34 | 25 |
Iguais condições em (10°C) | 16-22 | 19 |
Fórmula para calcular a Freqüência Respiratória => 70 x Kg 0,25 sendo Kg = peso do animal
6 – PRESSÕES RESPIRATÓRIAS
O fluxo aéreo entra e sai dos pulmões em resposta às diferenças de
pressão criadas pelo aumento ou diminuição do volume torácico,
respectivamente.
6.1 – PRESSÃO PULMONAR
É a pressão existente nos pulmões e vias aéreas.
6.2 – PRESSÃO INTRAPLEURAL
É a Pressão existente no tórax e fora dos pulmões, ou seja, no
espaço intrapleural e mediastino. Ela é sempre negativa, pois a cavidade
é fechada e a pressão no interior do organismo é sempre menor que a
atmosférica.
6.3 – PNEUMOTÓRAX
É o acúmulo de ar na cavidade pleural, podendo ser de origem
traumática ou espontânea. O ar pode penetrar nessa cavidade através de
ferimentos penetrantes na parede torácica ou pela extensão de um
enfizema pulmonar. Há um impedimento da expansão dos pulmões que leva a
asfixia.
Pneumotórax
(vista ventral). O volume de ar que entra pela abertura artificial
excede aquele que passa pela traquéia quando o volume intrapleural é
aumentado na inspiração. A redução da pressão intrapleural é desta forma
insuficiente para permitir a inflação do pulmão. As setas negras
apresentam as direções do aumento de volume torácico quando o diafragma e
os músculos inspiratórios intercostais se contraem na inspiração. De
Reece, Fisiologia dos animais domésticos.
6.4 – IMPORTÂNCIA DA PRESSÃO
No espaço mediastino encontra-se a cava e o ducto torácico.
Durante a inspiração, quando a pressão intrapleural se torna mais
negativa do que a pressão atmosférica, a transmissão da pressão reduzida
para a veia cava e ducto torácico auxilia o fluxo de sangue e linfa
para o coração. Como há válvulas nesses vasos, o sangue e a linfa não
refluem quando a pressão se torna menos negativa do que a pressão
Durante a regurgitação dos ruminantes, a entrada do conteúdo
ruminal no esôfago é auxiliada quando o animal inspira com a glote
fechada, pois isto cria uma pressão intrapleural subatmosferica maior do
que a normal, a qual é transmitida às estruturas mediastinais.
7- TENDÊNCIA AO COLAPSO DOS PULMÕES
É a tendência dos pulmões de se retraírem, afastando-se da parede torácica. Tal tendência ocorre devido a:
O surfactante
pulmonar é um complexo lipoprotéico contendo cerca de 30% de proteína e
70% de lipídios, e é sintetizado pelas células epiteliais alveolares do
tipo II. É uma substancia pela qual as moléculas de água têm menos
atração, logo há uma diminuição do número de moléculas de água na
superfície dos alvéolos e conseqüentemente uma redução da tensão
superficial. Além disso, as próprias moléculas de surfactante têm menor
atração entre si.
Consideração Clínica:
Sindrome Uivante => A baixa produção de surfactantes gera uma
síndrome de angústia respiratória caracterizada por dispnéia, cianose e
um gemido expiratório. Ocorre em eqüinos e suínos jovens.
COMPLACÊNCIA PULMONAR => É a medida de
distensibilidade dos pulmões e tórax. É determinada pela medição do
volume pulmonar para cada unidade de alteração de pressão. Se este valor
diminui em um período de tempo (menos expansão de volume para uma mesma
pressão) deve-se a maior rigidez do tecido pulmonar e pode ser devido a
fibrose, edema, etc.., ou ainda alteração na quantidade e/ou composição
dos surfactantes.
CONSUMO METABÓLICO DA RESPIRAÇÃO => É o
gasto de energia necessário à respiração para superar as forças de
tensão superficial e elástica, não elásticas ( re-organização dos
tecidos) e resistência das vias aéreas e garantir a expansão pulmonar.
As doenças respiratórias aumentam o consumo de energia, havendo portanto
menos energia disponível para os exercícios físicos.
RESISTÊNCIA AO FLUXO DE AR => É um dos
fatores associados ao trabalho de respiração. A resistência é maior
durante a expiração, pois durante a inspiração a expansão dos pulmões
ajuda na maior abertura das vias aéreas.
8 – VOLUMES PULMONARES E CAPACIDADES PULMONARES
VOLUME RESIDUAL OU DE RESERVA
=> Volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após
expiração forçada. Ele é o ar que se mantém nos pulmões após ele ter
sido removido do tórax durante o abate ou para o exame postmortem. É
graças ao volume residual que os pulmões extraídos flutuam na água.
VOLUME DE RESERVA INSPIRATÓRIO
=> Volume de ar que pode ser inalado após a inspiração
VOLUME DE RESERVA EXPIRATÓRIO
=> Volume de ar que pode ser exalado após a expiração
VOLUME RESPIRATÓRIO OU CORRENTE
=> Volume de ar que entra e sai dos pulmões durante o ciclo respiratório.
CAPACIDADE PULMONAR TOTAL
=> É a soma de todos os volumes
CAPACIDADE VITAL
=> Soma de todos os volumes com exceção do volume
residual. É a quantidade de ar que pode ser trocada entre os pulmões e o
exterior através de uma inspiração forcada seguida de uma expiração
forcada.
CAPACIDADE INSPIRATÓRIA
=> É a quantidade de ar que pode ser inspirada após a expiração.
CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL
=> é quantidade ar remanescente no pulmão após a expiração,
corresponde ao volume residual mais o volume de reserva expiratório. Ou
ainda, cerca de 40% da Capacidade Pulmonar Total.
CAPACIDADE PULMONAR TOTAL (100%) | CAPACIDADE VITAL (80%) | VOL. RES. INSPIR. | Capacid. Inspiratória | ||
VOL. RESPIRAT. ou CORRENTE | Capacid. Expiratória | ||||
VOL. RES. EXPIR. | Capacid. Residual Funcional | ||||
VOLUME RESIDUAL (20%) |
Fórmula
para cálculo do Volume Corrente => 7,69 x Kg1,04 . Na prática
recomenda-se ventilação artificial com volume corrente de 10mL/Kg de
peso para Pequenos animais e 8mL/Kg para Grandes animais.
ALGUMAS MEDIDAS DE VOLUME E CAPACIDADE EM LITROS
V. Resid. | V.Respir. | V.R.I. | V.R.E. | C.P.Total | C.P Vital | |
Homem | 1,25 | 0,5 | 2,0 | 2,0 | 5 a 6 | 3,7 |
Eqüino | 10 a 12 | 4 a 6 | 10 a 12 | 10 a 12 | 40 a 42 | 30 |
Bovino | 8 a 9 | 3,5 | ? | ? | ? | ? |
Cão | 0,25 a 0,75 | 0,1 A 0,3 | ? | ? | ? | ? |
III – V E N T I L A Ç Ã O P U L M O N A R
A ventilação é geralmente considerada como um processo pelo qual
o gás de um local fechado e renovado ou trocado.A principal função da
respiração é o favorecimento da ventilação.
1 – VIAS DE CONDUÇÃO AÉREA
Fossas Nasais e Cavidade oral => Faringe => Laringe => Traquéia => Brônquios => Bronquíolos
O ar flui para os alvéolos através das narinas, da cavidade
nasal, da faringe, da laringe, da traquéia, dos brônquios e dos
bronquíolos.
Estas estruturas constituem as vias aéreas condutoras, e , como não ocorre troca gasosa nessas vias aéreas, elas também são denominadas espaço morto anatômico.
Todos os animais usam a boca e narinas com exceção do cavalo que usa somente as narinas.
2 – ESPAÇO MORTO RESPIRATÓRIO
É o espaço existente nas vias aéreas onde não há difusão de gases.
É a porção das vias aéreas sem epitélio respiratório.
FUNÇÖES
=> Conduzir o ar, Aquecer,
Umectar, Depurar, Produzir som (Laringe) e captar substâncias
odoríferas. O arquejo é predominantemente uma ventilação de espaço
morto. Durante o arquejo a freqüência respiratória aumenta e o volume
corrente diminui, de forma que a ventilação alveolar mantém-se
aproximadamente constante.
3 – ESPAÇO MORTO FISIOLÓGICO
É o espaço morto anatômico acrescido do espaço morto alveolar
que não faz troca gasosa por colabamento dos espaços arteriais que só
são utilizados para trocas durante exercícios mais intensos ou outra
necessidade maior de ventilação pulmonar.
4 – TIPOS DE VENTILAÇÃO
VENTILAÇÃO TOTAL (VT) = VENTILAÇÃO ALVEOLAR (VA) + VENTILAÇÃO DO ESPAÇO MORTO (VD) EX: Cão de 13 KG anestesiado com: Freqüência respiratória = 10 VT = 170 mL VD = 85 mL Qual a taxa de ventilação alveolar ???? A ventilação alveolar é determinada pela subtração da ventilação do espaço morto da ventilação total. A fórmula para o seu cálculo é: VA = F (VT-VD) => VA = 10 (170-85) => VA = 850mL/min Em outras palavras, 850mL nos alvéolos dos pulmões são substituídos pelo ar atmosférico a cada minuto. |
No estresse pelo frio ocorre aumento da ventilação alveolar e
diminuição da ventilação do espaço morto aumentando o volume corrente e
diminuindo a freqüência respiratória. O aumento da ventilação alveolar é
necessário, pois sob efeito do frio ocorre aumento do consumo de O2 e
aumento da produção de CO2 pela taxa metabólica mais alta necessária
para manter a temperatura corporal
Na maioria dos animais em repouso a Inspiração é um processo
ativo e a Expiração é um processo passivo com exceção do cavalo que
apresenta uma fase ativa na expiração mesmo em repouso
5 – POLIPNEIA ou OFEGO
É a ventilação do espaço morto que permite a animais tais como
cães, aves e suínos regularem a temperatura corporal.
Não há aumento da
ventilação Pulmonar, há aumento da freqüência respiratória de modo tal
que a ventilação alveolar permanece constante
O centro respiratório do animal responde não somente aos
estímulos usuais como também ao centro de temperatura corpórea. Quando
essas informações são integradas, o organismo do animal responde às
necessidades metabólicas pela regulação da ventilação do espaço morto e
conseqüentemente dissipação do calor. A ventilação do espaço morto é
aumentada pelo ato de ofegar, que fornece esfriamento corpóreo pela
evaporação de água pelas membranas mucosas dos tecidos envolvidos.
A menor quantidade de resfriamento é conseguida pela inalação e
exalação através das narinas pois o calor e água adicionados ao ar
durante a inalação são parcialmente recuperados durante a exalação.
Quando há inalação pelas narinas e exalação através das narinas e
boca, o ar que penetra pelo nariz e é exposto a uma grande área de
superfície(conchas nasais) e recebe água através da mucosa nasal e
glândulas nasais. Essa combinação carreia uma quantidade considerável de
calor, que é então dissipado principalmente pela exalação da boca.
Pode haver ainda inalação tanto pela boca quanto pelas narinas o
que permite um volume corrente maior, que pode ser necessário durante
momentos de exercícios.
6 – RONRONAR
O ronronar é notado em alguns membros da família dos felinos e é mais audível e palpável em gatos domésticos.
O ronronar resulta de uma ativação alternante altamente regular do diafragma e dos músculos intrínsecos da laringe à freqüência de 25 vezes durante a inspiração e expiração.
A contração dos músculos da laringe fecha as cordas vocais. Os músculos laringianos então relaxam quando o diafragma se contrai. A contração do diafragma favorece o fluxo de ar que vibra as cordas vocais e resulta em som de ronronar no momento em que elas estão se abrindo. O diafragma então relaxa e os músculos laringianos contraem-se; isso é novamente seguido pelo seu relaxamento e contração do diafragma. O processo inteiro é repetido 25 vezes até a respiração ser completada. O acumulo de pequenos sons produzidos em cada abertura das cordas vocais produz o som do ronronar.
A razão do ronronar não é conhecida. Eles o fazem quando estão contentes, doentes e adormecidos.
O ronronar talvez
forneça uma ventilação mais efetiva durante períodos de respiração
superficial devido ao fornecimento de inspirações e expirações
intermitentes, tendo, portanto, função de respiração complementar.
7 – DEPURAÇÃO RESPIRATÓRIA
Quando um animal se encontra no pasto em um ambiente rural, o ar
contém poucas partículas potencialmente nocivas e menos ainda no que
diz respeito a gases poluentes. Entretanto, se o animal é confinado
intensivamente ou está sendo transportado, o ar pode ser rico em
partículas tais como poeiras, esporos, polens, bactérias e vírus bem
como gases poluentes como amônia, fumaça de escapamento de motores,
óxidos de nitrogênio e ozônio.
A inalação dessas
substancias é muito prejudicial à saúde do animal, de modo que medidas
de prevenção a essa inalação tiveram de ser desenvolvidas. A remoção de
partículas e microorganismos do trato respiratório é chamada de
depuração respiratória.
FORÇAS FÍSICAS QUE ATUAM
As forças físicas que afetam a deposição são a gravidade, a inércia e os movimentos brownianos.
A deposição gravitacional (sedimentação) causa o assentamento de partículas simplesmente devido à força da gravidade e à massa das partículas. Partículas de maior massa assentam mais rapidamente que aquelas com menor massa. Isto favorece a deposição na cavidade nasal e na arvore traqueobrônquica das partículas de maior massa.
Forças inerciais causam deposição na cavidade nasal, faringe e arvore traqueobrônquica. O movimento progressivo das moléculas tende a fazer com estas colidam com as paredes da cavidade nasal. A impactação inercial ocorre nas curvas das vias aéreas grandes, por que as partículas conduzidas em alta velocidade tem tanta cinética que não conseguem controlar as mudanças de direção. Os locais de impactação inercial são providos de tecido linfóide, tais como as amídalas e o tecido linfóide associado aos brônquios.
Os movimentos
brownianos atuam na deposição de partículas menores que um micrômetro,
que apresentam um movimento aleatório que é fornecido pelo
bombardeamento das moléculas de ar. A deposição por movimentos
brownianos é mais significativa em vias aéreas extremamente pequenas,
onde a área de superfície é relativamente maior que o diâmetro.
TAMANHO DAS PARTÍCULAS
MECANISMOS DE DEPURAÇÃO
No trato respiratório Superior:
A limpeza do trato respiratório superior refere-se à remoção das
partículas que tenham sido depositadas em pontos próximos aos ductos
alveolares, e é dependente do movimento da camada de muco. O movimento é
proporcionado pela atividade ciliar da camada de epitélio colunar na
membrana mucosa traqueobrônquica. Quando a camada mucosa e seu conteúdo
atingem a faringe, são então deglutidos. Desta maneira, os materiais
inalados aparecem nas fezes.
Nos Alvéolos:
As partículas podem escapar das forças inerciais e
gravitacionais e depositarem-se nos alvéolos. Essas partículas são
normalmente menores que 1 micrômetro de diâmetro. Os mecanismos de
depuração alveolar dessas partículas são descritos a seguir:
Segundo Ruckebusch (1991) a deposição das partículas ocorrem em 3 padrões: Impacto, Sedimentação e difusão.
IMPACTO | SEDIMENTAÇÃO | DIFUSÃO | |
Tamanho da Partícula | Grande > 5um | Média (1 a 5um) | Pequenas (<0,1um) |
Principal Local | Nasofaringe | Vias aéreas inferiores (bronquíolos terminais e respiratórios) | Alvéolo (ação de macrófagos, principalmente neutrófilos) * bovinos tem pouca atividade macrofágica |
IV – TRANSPORTE DOS GASES
1 – A HEMOGLOBINA
A hemoglobina é o pigmento vermelho do sangue. Cada molécula de
Hemoglobina pode ligar-se de forma reversível a 4 moléculas de O2, uma
com cada Heme. Quando saturada pelo oxigênio, é vermelho-brilhante ;
quando perde o oxigênio, torna-se vermelho-púrpura. Essa mudança de cor é
conhecida como cianose e pode ser observada nas mucosas de animais
quando o sangue nos capilares subjacentes está hipóxico.
A cianose pode resultar de captação deficiente de oxigênio nos pulmões, mas também de fluxo sangüíneo reduzido para os tecidos periféricos.
A hemoglobina dos mamíferos é constituída por quatro unidades, cada uma contendo um heme e sua proteína associada. O heme é uma protoporfirina que consiste em quatro pirróis com um ferro ferroso no centro. O ferro ferroso combina-se de modo reversível com o oxigênio proporcionalmente à Po2.
FeO 2 -HEME | HEME-FeO 2 | |
GLOBINA | ||
FeO 2 -HEME | HEME-FeO 2 |
A anemia, uma redução no numero de eritrócitos circulantes com redução
conseqüente da quantidade de hemoglobina no sangue, diminui a capacidade
de oxigenação. Quando o teor de hemoglobina no sangue aumenta, a
capacidade de oxigenação também aumenta, o que ocorre durante o
exercício; a contração do baço joga mais eritrócitos na circulação e
aumenta a capacidade de oxigenação do sangue. A contração esplênica é
uma fonte rica de eritrócitos para o cavalo durante o exercício.
Além de transportar oxigênio, a hemoglobina exerce, portanto, um
poderoso efeito tampão, impedindo que os íons H possam alterar o pH do
sangue.
2 -TRANSPORTE DO O 2
Quando o sangue nos capilares pulmonares flui passando pelos
alvéolos, o oxigênio difunde-se do alvéolo para o sangue até que as
pressões parciais se equilibrem, isto é, não haja mais diferença
adicional de pressão que o impulsione. Como o oxigênio é pouco
hidrossolúvel, apenas pequena quantidade se dissolve e é transportada em
solução pelo plasma. A maior parte do oxigênio se combina à
hemoglobina. Sem esse pigmento, que transporta a maioria do oxigênio, o
debito cardíaco teria de ser extraordinariamente alto para manter o
suprimento de oxigênio dos órgãos do corpo.
A quantidade de oxigênio combinado com a hemoglobina, é
determinada pela PO 2 que por sua vez, é determinada pelo consumo
celular de oxigênio e pela ventilação alveolar. Assim, nas condições de
alta PO 2 dos pulmões, a hemoglobina fica 98% saturada com oxigênio ;
nos tecidos extrapulmonares, onde a PO 2 é baixa,ela libera grande parte
do oxigênio. Por exemplo, a PO 2 nos capilares que irrigam um músculo
em atividade é cerca de 20 mmHg e a hemoglobina permanece 33% saturada,
liberando 65% do oxigênio associado.
O esquema de transporte para o oxigênio esta ilustrado na figura a seguir:
Durante a
oxigenação o oxigênio difunde-se dos alvéolos para a água intersticial
1, seguido por difusão, para a água do plasma 2, para a água dos
eritrócitos 3, e para a hemoglobina 4. Para a hemoglobina ser
desoxigenada, o oxigênio em solução na água intersticial deve
difundir-se, em primeiro lugar, para a água celular 1, seguido pela
difusão da água plasmática 2, da água dos eritrócitos 3 e finalmente da
hemoglobina 4 .De Reece, W.O.In Dukes’Phisiology of Domestic Animals.10
ed.Editado por M.J.Swenson,Ithaca,NY,Cornell University Press, 1984
O MONÓXIDO DE CARBONO TEM 200 VEZES A AFINIDADE DO OXIGÊNIO PELA HEMOGLOBINA
O monóxido de carbono e o
oxigênio ligam-se aos mesmos locais na hemoglobina, mas o CO o faz com
maior avidez. Em decorrência da alta afinidade do monóxido pela
hemoglobina, a exposição a níveis de monóxido de carbono inferiores a 1%
no ar pode acabar saturando a hemoglobina e desalojando o oxigênio, o
que causa a morte.
METEMOGLOBINEMIA
Quando o ferro ferroso normal da hemoglobina é oxidado por
nitritos ou outras toxinas e se transforma em ferro férrico, forma-se
metemoglobina acastanhada. A metemoglobina não se liga ao oxigênio;
assim, a capacidade de oxigenação do sangue fica reduzida. O nitrito
pode ser ingerido diretamente em alimentos deteriorados, porem é mais
comum os ruminantes formarem nitrito no rúmen após a ingestão de
alimentos ricos em nitrato, como o sorgo ou forrageiras altas.
3 – TRANSPORTE DO CO 2
O dióxido de carbono é produzido no tecido; portanto, a PCO 2
tecidual é mais alta que a PCO 2 do sangue que chega aos capilares. O
dióxido de carbono difunde-se em favor de um gradiente de concentração
dos tecidos para o sangue. O coeficiente de difusão para o dióxido de
carbono é cerca de 20 vezes maior do que para o oxigênio.
O dióxido de carbono pode ser transportado de várias formas:
NO PLASMA
H | H | ||
R-NH2 + CO2 => R-N | => | R-N | |
COOH | COO – + H + |
NA HEMÁCIA
O dióxido de carbono difunde-se prontamente para os eritrócitos e
as reações de hidratação e com grupo amino são mais significativas do
que no plasma.
A reação de hidratação é favorecida no interior das hemáceas
devido á presença da enzima anidrase carbônica que procede com
facilidade na formação de H + e HCO 3 . Ela deve ser uma reação
auto-limitada caso os produtos da reação não sejam removidos. A reação
reversível é mantida virando-se para a direita, porque o H+ é tamponado
pela hemoglobina. A maior parte do HCO 3 produzido no eritrócito
difunde-se ao longo de um gradiente de concentração no plasma(assim a
maior parte do transporte de CO 2 estará sendo feito pelo plasma).
Nem todos os íons hidrogênios são tamponados, logo, o sangue
venoso tem pH menor que o sangue arterial. Da mesma forma, devido à
difusão do HCO 3 dos eritrócitos para o plasma, o sangue venoso passa a
ter concentração de HCO 3 mais alta que o sangue arterial. O componente
mais abundante viável para o tamponamento do H + , formado durante a
reação de hidratação, é a hemoglobina. Quando a hemoglobina está em
déficit, como na anemia, o tamponamento do H + de todas as fontes estará
comprometido e resulta em acidemia durante os períodos de aumento na
produção de H + , como no exercício.
Há maior número de grupos amino na hemoglobina do que nas
proteínas plasmáticas, de modo que a formação de compostos carbamínicos
nas hemáceas é maior do que no plasma.
Essas reações químicas dentro dos eritrócitos causam aumento
na pressão osmótica efetiva do fluido eritrocitário, promovendo difusão
de água para o interior do eritrócito.
Quando o sangue venoso atinge os pulmões, o dióxido de carbono
difunde-se para os alvéolos a partir do plasma e dos eritrócitos,
causando assim o movimento das reações mostradas na figura abaixo para a
esquerda. Simultaneamente, a oxigenação da hemoglobina libera íons
hidrogênio, que se combinam com bicarbonato para formar acido carbônico e
, assim, dióxido de carbono.
As formas de transporte de dióxido de carbono no sangue. Todas
as reações representadas nesse diagrama podem ser revertidas quando o
sangue alcança o pulmão e o dióxido de carbono se difunde para o
alvéolo. De Cunningham, J. C. , Tratado de Fisiologia veterinária ,
2ªed. 1999
Acidose Respiratória
A acidose respiratória é causada por hipoventilação alveolar,
que pode ser decorrente de lesão ou depressão dos centros de controle
respiratório, lesão na bomba respiratória(costelas faturadas ou
timpanismo abdominal) ou enfermidade respiratória grave que obstrui as
vias aéreas ou enrijece excessivamente os pulmões. A hipoventilação
alveolar significa que o dióxido de carbono produzido pelos tecidos é
eliminado de maneira incompleta pelos pulmões de tal modo que a Pco2 do
sangue aumenta, haverá então aumento de íons H + e o pH diminui.
Alcalose Respiratória
A alcalose respiratória é causada por hiperventilação alveolar, que
se deve à estimulação dos quimiorreceptores por hipoxia ou à estimulação
de receptores intrapulmonares por lesão ou inflamação pulmonar. O uso
muito intenso de ventilação pulmonar pode causar hiperventilação em um
animal anestesiado. O dióxido de carbono é eliminado mais rapidamente do
que é produzido pelos tecidos, e portanto a PCO 2 diminui
V – CONTROLE RESPIRATÓRIO
1 – INTRODUÇÃO
Em suas atividades diárias, um animal varia seu nível de atividade e respira ar de pureza variável.
Para que o sistema respiratório responda a esses desafios diferentes, mantendo as concentrações de H + , CO 2 e O 2 em níveis relativamente constantes, mecanismos de controle monitoram a composição química do sangue, o esforço exercido pelos músculos respiratórios sobre os pulmões e a presença de materiais estranhos no trato respiratório.
Três elementos básicos constituem o sistema de controle Respiratório:
1° – OS SENSORES – coletam as informações de PCO 2 e PO 2
2° – O CONTROLE CENTRAL – coordena as informações e atuam sobre os efetores
3° – OS EFETORES – executam ações que visam controlar o desequilíbrio das pressões
OS SENSORES
Impulsos que se dirigem para o centro respiratório(impulsos aferentes) de várias fontes receptoras têm sido identificadas.
Esses receptores localizados no pulmão e perifericamente modificam o ritmo básico da respiração.
RECEPTORES PULMONARES
DE DISTENSÃO
Estão localizados no interior da musculatura lisa das vias aéreas. Eles são estimulados por deformação da parede das vias respiratórias maiores, por exemplo, quando as vias respiratórias intratorácicas são estiradas durante a insuflação pulmonar. As freqüências de disparo desses receptores aumentam progressivamente à medida que ocorre insuflação pulmonar, o que indica que esses receptores são os responsáveis pela inibição da respiração causada pela insuflação pulmonar (Reflexo de Hering-Breuer), estimulando portanto a expiração.
Os impulsos gerados pelos receptores são transmitidos por fibras do nervo vago para o centro respiratório. Esses receptores podem ser responsáveis, em parte, pelo ajustamento na taxa e na profundidade da respiração para minimizar o trabalho dos músculos respiratórios.
IRRITANTES
Localizados entre as células epiteliais das vias aéreas. Esses receptores são sensíveis aos gases nocivos, poeira , liberação de histamina e ar frio, e sua estimulação provoca tosse, broncoconstrição, secreção de muco e respiração superficial rápida, ou seja, respostas protetoras para eliminar material estranho do trato respiratório.
DO TIPO “J” ou JUSTA-CAPILAR
Localizado na parede
do alvéolo muito próximo aos capilares onde podem monitorar a composição
do sangue ou a magnitude da distensão do interstício. Eles também são
responsáveis pela hiperpnéia que se segue à lesão pulmonar causada por
doenças alérgicas, infecciosas ou vasculares.
QUIMIORRECEPTORES
São receptores
sensíveis a variação da composição química do sangue ou líquido ao seu
redor . Eles monitoram o oxigênio, o dióxido de carbono e a concentração
de íons hidrogênio em vários locais do corpo. Pequenas alterações na
tensão arterial de dióxido de carbono e na concentração de íons
hidrogênio provocam grandes alterações na ventilação.
Os quimiorreceptores pode ser:
CENTRAIS – Localizados no Bulbo e sensíveis ao aumento de H + . O aumento da PCO 2 do sangue causa rápido aumento na região do quimiorreceptor central. Há formação de acido carbônico, que se dissocia em H + e HCO 3 – , e, como o tamponamento do liquido intersticial é insuficiente, o pH em torno do quimiorreceptor diminui o pH do liquido intersticial e aumenta a ventilação.
PERIFÉRICOS – Localizados nos CORPOS CAROTIDEOS e CORPOS AORTICOS e sensíveis a baixa da PO 2 , principalmente, e também ao aumento da PCO 2 e à baixa do pH.
Os corpos carotídeos contém vários tipos celulares. As células glomosas fazem sinapse com nervos aferentes que transmitem a informação de volta para o encéfalo. Essas células são responsáveis pela quimiossensibilidade dos corpos carotídeos. Alternativamente, elas podem modificar a quimiossensibilidade das terminações nervosas aferentes. As células sustentaculares sustentam os axônios e os vasos sangüíneos que se ramificam dentro do corpo carotídeo.
Quando os corpos carotídeos são perfundidos com sangue contendo baixa tensão de oxigênio, alta tensão de dióxido de carbono ou pH baixo as taxas de disparo nos aferentes nervosos do seio carotídeo aumentam.
Á medida que a PCO 2 aumenta e o pH diminui há um aumento quase linear na ventilação. A resposta à PO 2 não é linear. Ocorrem aumentos modestos na taxa de disparo e na ventilação conforme a PO 2 cai de níveis não fisiológicos de 500mmHg para 70mmHg. Quedas adicionais causam aumento mais rápido na ventilação, em particular PO 2 de 60mmHg, Istoé, em que a hemoglobina começa a dessaturar.
A ventilação não
aumenta em resposta à anemia modesta ou intoxicação com monóxido de
carbono, condições que diminuem o teor de oxigênio do sangue mas não a
PaO 2 . por esta razão, acredita-se que a Po2 seja mais importante que o
teor de oxigênio como estímulo para os corpos carotídeos.
OUTROS RECEPTORES
No nariz e vias aéreas superiores (nariz, nasofaringe, laringe e traquéia): A estimulação das membranas nessas regiões causa reflexos de inibição da respiração. Um notável exemplo desse reflexo é a inibição que ocorre durante a deglutição, bem como, em aves e mamíferos mergulhadores, há um reflexo e inibição da respiração quando estes submergem. A estimulação da membrana mucosa da laringe em animais não anestesiados causa não somente inibição da respiração, ma normalmente poderoso esforço respiratório(tosse). Da mesma forma, podem ser observados espirros após a estimulação da membrana mucosa nasal por vários mecanismos. A função de todos esses reflexos é a proteção das delicadas passagens respiratórias e os alvéolos dos pulmões de substancias nocivas.
Nas articulações e Músculos
Na pele: O estímulo de receptores cutâneos é excitatório para o centro respiratório, e pode ser notado uma inspiração mais profunda que a usual. Tira-se vantagem desses receptores quando o estimulo da respiração é desejado em animais recém-nascidos. Esfregando a pele com um tecido áspero iniciamos freqüentemente os ciclos respiratórios.
Baroceptores Arteriais – localizados nos seios carotídeos e aórticos.
aumento da pressão arterial => hipoventilação e dispnéia
baixa da pressão arterial => hiperventilação
O CONTROLE CENTRAL
O padrão rítmico de respiração e os ajustes desse particular são
integrados dentro de partes do tronco cerebral conhecidas como centro
respiratório. Diferentemente de muitos centros, ele não é uma coleção de
núcleos circunscritos, mas, ao contrario, consiste em regiões dentro da
medula e ponte associadas com funções especificas da respiração. O
centro respiratório possui três regiões especificas:
Centro Pneumotáxico
Localizado na porção superior da Ponte, é considerado o
modulador da sensibilidade do centro respiratório para as informações
que ativam o término da inspiração e facilitam a expiração. Atua
excitando a área expiratória
Centro Apnêustico
Atua “desligando” a inspiração pois inibe a área inspiratória.
Acredita-se que ele esteja associado a inspirações profundas, tais como o
suspiro.
Centro Respiratório Bulbar
Localizado na formação reticular do bulbo apresenta Área
Inspiratória (grupo respiratório dorsal) e Área Expiratória (grupo
respiratório ventral).
O grupo respiratório dorsal
está localizado na parte ventral do núcleo do trato solitário, e os seus
neurônios disparam principalmente durante a inspiração. Estão
envolvidos na inflação induzida dos pulmões no término da respiração. O
grupo respiratório ventral situa-se no núcleo ambíguo e no retroambiguo,
e os seus neurônios disparam durante a inspiração e a expiração.
Ilustração
a ser incluida: Superfície ventral do tronco cerebral, incluindo a
ponte, o bulbo e a medula espinhal, mostrando os centros envolvidos na
regulação da respiração. Cunningham, J. C. , Tratado de fisiologia
veterinaria , 2ª ediçao 1999
NO CORTEX CEREBRAL => Existem centros que capacitam a “voluntariedade limitada da respiração.
EM OUTRAS PARTES DO S.N.C . => Existem no Sistema límbico e Hipotálamo centros capazes de influir no ritmo respiratório nas emoções de medo e raiva.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS EFETORES
São os músculos respiratórios
=> Diafragma, Intercostais e Abdominais, além dos músculos
acessórios como o Esternocleidomastoideo
Consideração Clínica
* SÍNDROME DA MORTE INFANTIL SÚBITA – Acredita-se que ocorra por descoordenação dos músculos torácicos e abdominais. Enquanto um trabalha inspirando o outro trabalha expirando.
Bibliografia consultada
MORAES, I. A. – Respiração das aves. Apostila do curso de Fisiologia Veterinária do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal Fluminense Niterói-RJ. 2001. 6p.
Swenson M.J. & Reece W.O.- Dukes- Fisiologia dos Animais Domésticos. – 1la ed. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro-RJ,1996
Cunningham, J. C. – Tratado de fisiologia dos animais domesticos 2ªed Editora guanabara Koogan S.ª Rio de Janeiro ,1999